A relação de pais e filhos é fundadora, e em seu curso se firmam leis, valores, experiências e amores. Que vão dando sentido à vida. E constituindo o sujeito, sua história, sua identidade. Relação fundamental, encadeada na sucessão de gerações,portanto, antecedida por outras que lhe foram modelos, e a servirem de referência a outras ainda, que lhe serão posteriores.O curso da vida, da história humana, que se constrói na vivência dos laços sociais, na relação com o outro. O indivíduo, portanto, traz em si, em seu íntimo, a marca inevitável do social.
A relação de pais com filhos é determinante já desde as primeiras expectativas, os primeiros desejos, projetos acerca do filho ainda inexistente. O que se quer para ele, o que se espera dele,que nome se lhe dá, de que forma, enfim esse filho vai se inscrevendo no desejo dos pais. Uma relação que é permeada, em seu curso, pelo caráter paradoxal, já que, para sobreviver, a criatura humana necessita dos cuidados do outro, e, ao mesmo tempo, para se constituir como sujeito, precisa se independizar desse outro.Esta contradição se faz presente em muitos momentos do desenvolvimento, e já desde o nascimento, quando a vinda ao mundo acontece com a separação. Se o bebê humano foi um só com o corpo materno, nascer significa começar um processo de individuação. E vão se sucedendo, ao longo da vida, tais momentos. Que são sempre, de forma inevitável, experiências de aprendizado e autoconhecimento marcadas pelas dores da perda e pelas alegrias do crescimento. É a vida...O desmame, os primeiros passos, a primeira ida à escola,pais e filhos vão se construindo e reconstruindo nesse movimento pleno de encontros, desencontros, conflitos, risos, lágrimas, apegos, amores e descobertas. Sim, porque não se nasce sabendo como ser pai, como ser mãe, como ser filho. A gente vai aprendendo no próprio curso dessa história, que é uma hitória, por um lado, como todas as outras, por outro, muito singular, muito própria.
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