domingo, 28 de novembro de 2010

SOBRE ESCOLHAS E CAMINHOS

As escolhas possíveis são infinitas. Surgem e ressurgem, somam-se às já existentes, ou as fazem caducar, tornando-as obsoletas. Mais, mais e mais... A confundir, a angustiar, a fazer pensar, a não saber o que fazer... ou a nos servir, calhar-nos mais ou menos adequadamente, mais ou menos felizmente. A instigar nosso desejo. A elas temos que dizer sim, não, ou talvez, quando o prazo permite... Quando simplesmente achamos ter feito uma boa escolha, alguma outra possibilidade surge a nos provocar: não teria sido melhor? Teríamos feito a coisa certa?
Enfim, o mundo contemporâneo é este caldeirão de infinitas possibilidades, que se apresentam com a velocidade estonteante que dita o ritmo de nossos dias. Os automóveis, as tecnologias, as modas, as profissões, especializações, as aplicações, publicações, os roteiros de férias, os shopping centers, restaurantes, os lanches da propaganda, a roupa e o cabelo, as cores do ano, os sapatos da última coleção... Queremos muito, queremos mais, queremos exercer nosso direito de escolha.
A grande contradição reside, porém, no modo como somos “escolhidos” pelo sistema capitalista integrado, pela mídia, como somos cooptados full-time enquanto nos sentimos livres. Sim, enquanto nos sentimos livres, como bons modernos, temos o olhar capturado em hipnose pelas telas brilhantes a nos empanturrar de imagens e discursos. Rápido, já que amanhã é outro dia... A grande contradição é esta. Somos “escolhidos pela mega fábrica de subjetividade que nos ronda, nos invade, nos submete. Enquanto nos sentimos livres...
Contraditórias também são, por um lado, as pressões nosentido de igualar, homogeneizar, consumir, ” clique aqui e compre já”,” ajuste-se ao ideal capitalista de hoje”, e, bem por outro lado, a tendência individualizante, singularizante. Por um lado, sejamos todos iguais, necessariamente, como quer o mercado, a mídia, o capitalismo globalizado. Ao mesmo tempo, as identidades vêem-se cada vez mais em busca de suas diferenças, esforço tão mais árduo quanto mais submetidas estiverem à massificação.
Deste modo, nossas escolhas são permeadas por inevitáveis angústias e temores. Ansiamos por resgatar nossas certezas, e, muito pelo contrário, não localizamos o norte da bússola a nos orientar. Ainda mais do que sempre, precisamos contar com nossos recursos próprios, nossa coragem, nossa capacidade criativa e, é preciso salientar, nosso senso ético e de responsabilidade a guiar nossos caminhos, nossas escolhas.

segunda-feira, 1 de novembro de 2010

MUITO ALÉM DO ENEM

No próximo final de semana você, que pretende conquistar uma vaga em alguma universidade brasileira, será posto à prova.E certamente está sob efeito daquela ansiedade que acompanha momentos decisivos da nossa vida. Aliás, é bom falar "nossa vida", porque parece nos assaltar, nessas ocasiões, uma sensação de que tudo se resume àquela hora, àquela circunstância, aquele fato. É sempre importante lembrar que estamos em movimento. O movimento da vida, do universo, e o nosso próprio movimento. Esse momento não se estanca aqui, e também não brotou do nada. Portanto,se você vai prestar Enem, é porque construiu as condições necessárias para chegar aqui, e se chegou aqui, você está vivendo uma fase crucial da sua história. Você está traçando o seu projeto de vida.Decidindo quem você é, quem você será, que papel será o seu nesse mundo, o que você vai fazer da sua vida.E a vida é tão rara...
Como diz Lenine.
Bem, é por isso que algo muito além do Enem está em jogo. Muito além do que você sabe, do que não sabe, dos acertos e dos erros, das notas e das classificações. Muito além de tudo que possa acontecer nos dias de prova, está a vida que você está construindo.