domingo, 20 de março de 2011
REFAZENDO O DESENHO
Alguém acessou meu blog pesquisando no Google através de um questionamento: “o que é mais importante na escolha de uma profissão: a vocação ou as perspectivas financeiras?” Um questionamento que traz em seu âmago uma velha dicotomia. Ou temos felicidade ou dinheiro, ou temos amor ou segurança, ou isto ou aquilo, como diria Cecília Meireles. Será que é realmente possível que, ao optarmos, como quem coloca um x na opção certa, por ganhar mais dinheiro, o acerto seja tão completo que realmente tenhamos, então, dinheiro, em detrimento de outra opção, como por exemplo a chamada realização – que seria,por outro lado, realmente o outro lado, ou seja, a mais completa e paradisíaca condição de vida feliz ?
Não, na vida, não é tão simples como o x na escolha certa. Às vezes nem isso é tão simples, já que quando estamos frente a várias escolhas, mesmo supondo que uma delas esteja certa, ficamos confusos, divididos, inseguros. Quando, então, não podemos contar com este critério a nos nortear, bem, aí fica difícil... Mas o que deve nortear nossa escolha, então? Se não há garantia absoluta de tudo certo, de tudo perfeito, de dinheiro no bolso, já que tudo isso é conquista, é construção... Que a gente faz, com as nossas atitudes, com o nosso trabalho, com a nossa criatividade, com o nosso coração. Abraçando a nossa causa, bancando nossas escolhas.
É preciso coragem para escolher. Para viver. Acho que o que deve fundamentar nossa escolha profissional é o que sabemos de nós mesmos. Isso não significa que não haja sempre mais e mais a conhecer. E mais e mais que descobriremos que não sabíamos ainda. Ou que nunca saberemos... Mas é olhando para nós mesmos, assumindo quem somos, e não, como tantas vezes acontece, buscando aquilo que gostaríamos de ser... A partir daí, nos aprontaremos para desempenhar um papel na sociedade, que cumpra sua função de nos garantir sustento, satisfação pessoal e inscrever nossa participação na mudança do mundo. E é esta inscrição no mundo que é realmente o mais importante em toda profissão.Sua mais nobre razão de ser...
Ainda com Cecília Meireles:
" Construirás os labirintos impermanentes
Que sucessivamente habitarás.
Todos os dias estarás refazendo o teu desenho.
Não te fadigues logo. Tens trabalho para toda a vida.
..........
Somos sempre um pouco menos do que pensávamos.
Raramente, um pouco mais.”
Não, na vida, não é tão simples como o x na escolha certa. Às vezes nem isso é tão simples, já que quando estamos frente a várias escolhas, mesmo supondo que uma delas esteja certa, ficamos confusos, divididos, inseguros. Quando, então, não podemos contar com este critério a nos nortear, bem, aí fica difícil... Mas o que deve nortear nossa escolha, então? Se não há garantia absoluta de tudo certo, de tudo perfeito, de dinheiro no bolso, já que tudo isso é conquista, é construção... Que a gente faz, com as nossas atitudes, com o nosso trabalho, com a nossa criatividade, com o nosso coração. Abraçando a nossa causa, bancando nossas escolhas.
É preciso coragem para escolher. Para viver. Acho que o que deve fundamentar nossa escolha profissional é o que sabemos de nós mesmos. Isso não significa que não haja sempre mais e mais a conhecer. E mais e mais que descobriremos que não sabíamos ainda. Ou que nunca saberemos... Mas é olhando para nós mesmos, assumindo quem somos, e não, como tantas vezes acontece, buscando aquilo que gostaríamos de ser... A partir daí, nos aprontaremos para desempenhar um papel na sociedade, que cumpra sua função de nos garantir sustento, satisfação pessoal e inscrever nossa participação na mudança do mundo. E é esta inscrição no mundo que é realmente o mais importante em toda profissão.Sua mais nobre razão de ser...
Ainda com Cecília Meireles:
" Construirás os labirintos impermanentes
Que sucessivamente habitarás.
Todos os dias estarás refazendo o teu desenho.
Não te fadigues logo. Tens trabalho para toda a vida.
..........
Somos sempre um pouco menos do que pensávamos.
Raramente, um pouco mais.”
quinta-feira, 17 de março de 2011
quarta-feira, 9 de março de 2011
A FELICIDADE
Num mundo hedonista como este em que vivemos a busca do prazer não tem trégua.E ainda quando, percorrida a trilha, realizados os esforços, pensamos ter alcançado a linha de chegada, percebemos, cheios de humana frustração, que há mais caminho a percorrer. A consumação do almejado prazer está sempre mais adiante, num horizonte que nos parece inalcançável.Nós, homens e mulheres deste pós-moderno mundo, estamos sempre a nos deparar com a frustração, e com a distância sempre renovada entre o que queremos e o que podemos, entre o que desejamos ter e o que conseguimos , entre o que gostaríamos de ser e o que realmente somos.E aí estamos nós, com a sensação de estarmos sempre atrás de nós mesmos. A tão sonhada felicidade não passará de tema de novela ou de comercial de televisão?
Freud já dizia em "Mal Estar na Civilização" que todo programa do princípio do prazer é impossível de ser executado,já que todas as normas do universo são-lhe contrárias.Três são as fontes que ele aponta neste texto brilhante e sempre atual para explicar o sofrimento humano: o poder da natureza, a fragilidade humana, e a relação com os outros. A civilização, há milhares de anos atrás, transformou o animal em homem por meio da renúncia aos instintos e do trabalho.
Na vida humana,pode-se ver, essa questão da felicidade é sempre uma grande armadilha.É assim que caímos na armadilha quando confundimos felicidade com prazer absoluto, ser feliz com ser capaz de obter algum desses objetos que a indústria e o mercado travestem de objetos do desejo, quando temos a ilusão de que seremos felizes se nada nos faltar. Pois o humano se constitui nas faltas, no imperfeito, naquilo que não é o ideal. Mas que é.
Bem,acho que é justamente neste campo que a Psicanálise e a psicoterapia podem operar. Acompanhando o sujeito na sua busca pela felicidade. Essa felicidade possível que experimentamos no momento do encontro com a nossa verdade,encontro este tão mais feliz quanto mais pudermos reconhecer-nos em nossas possibilidades, e nos arranjarmos o quanto melhor pudermos com aquilo que somos. A felicidade inclui, ainda, a capacidade de ir além da descoberta de si mesmo. Ser feliz é também incumbir-se da missão de colocar no mundo esta descoberta.
Freud já dizia em "Mal Estar na Civilização" que todo programa do princípio do prazer é impossível de ser executado,já que todas as normas do universo são-lhe contrárias.Três são as fontes que ele aponta neste texto brilhante e sempre atual para explicar o sofrimento humano: o poder da natureza, a fragilidade humana, e a relação com os outros. A civilização, há milhares de anos atrás, transformou o animal em homem por meio da renúncia aos instintos e do trabalho.
Na vida humana,pode-se ver, essa questão da felicidade é sempre uma grande armadilha.É assim que caímos na armadilha quando confundimos felicidade com prazer absoluto, ser feliz com ser capaz de obter algum desses objetos que a indústria e o mercado travestem de objetos do desejo, quando temos a ilusão de que seremos felizes se nada nos faltar. Pois o humano se constitui nas faltas, no imperfeito, naquilo que não é o ideal. Mas que é.
Bem,acho que é justamente neste campo que a Psicanálise e a psicoterapia podem operar. Acompanhando o sujeito na sua busca pela felicidade. Essa felicidade possível que experimentamos no momento do encontro com a nossa verdade,encontro este tão mais feliz quanto mais pudermos reconhecer-nos em nossas possibilidades, e nos arranjarmos o quanto melhor pudermos com aquilo que somos. A felicidade inclui, ainda, a capacidade de ir além da descoberta de si mesmo. Ser feliz é também incumbir-se da missão de colocar no mundo esta descoberta.
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