Entrei na locadora disposta a escolher alguns filmes. Sem a listinha. Sim, importante esta listinha, fruto da minha pesquisa prévia, com os filmes premiados ou destacados nas críticas especializadas. Passo os olhos pelo grande acervo classificado em gêneros.
A busca exigirá paciência e não me eximirá do risco já bem conhecido de ser iludida pelas primeiras impressões, ou por indícios como premiações, elenco, direção, o título sugestivo, ou a opinião do jovem funcionário que assiste filmes para orientar os clientes: “ – Este é o tipo de filme em que o cara dá um giro de 360° na vida”, me diz ele... Fico pensando que o personagem do filme fez um giro inútil... Ficou no mesmo lugar... Em seguida ele me fala de um ator que está despontando em Hollywood que está estrelando vários filmes. “Este é um tipo auto-ajuda...” Não posso dizer que eu tenha alguma simpatia pela auto-ajuda, e com esta última observação do meu esforçado e simpático ajudante, ao vê-lo ocupado com algumas outras pessoas, decido me independizar e seguir minhas próprias intuições. Basear-me em meu conhecimento, minhas experiências, meus gostos e meus interesses. Seleciono, então, um filme de cada um dos três gêneros que são meus favoritos e saio feliz com a escolha. Ao assistir os filmes, depois, tive parcialmente confirmada minha intuição. Um deles, a comédia, não me agradou. Ao fazer uma escolha, tornamo-nos responsáveis por seus desdobramentos. A questão é que escolher sempre é um processo permeado por dúvidas, incertezas e receios. Fazemos melhor quando valorizamos menos as listas, as opiniões alheias, e mais, muito mais, nossa intuição, nosso desejo, nossa bagagem histórica, nossos valores, interesses e gostos. E se a identidade é sempre uma questão pensada, repensada, definida e redefinida, que, ao longo da vida, nunca terá um fechamento definitivo ou uma conclusão, levar em conta quem a gente é parece ser mesmo o mais importante para se fazer um escolha feliz...
Nenhum comentário:
Postar um comentário