Já próximos do final do semestre, passados os meses de ambientação aos cursinhos
e à própria condição de pré-vestibulandos, abertas as inscrições para o Enem, parece
que o momento é de tomada de consciência, momento adequado para um primeiro recado a todos que estão se preparando para prestar vestibular.
É comum que os pré-vestibulandos sejam acometidos de crises de " não sei nada",
"parece que esqueci tudo", pensamentos que são recorrentes e que se caracterizam pela sua radicalidade.Basta que prestemos atenção às palavras:"tudo" e nada", os extremos radicais onde muitas vezes localizamos nossas ações e nossos sentimentos, que, na verdade, são sempre a expressão de nossas possibilidades reais, e, portanto, de nossos limites. Nunca fazemos nada. E nunca fazemos tudo. Mas sempre e simplesmente o que podemos. Ótimo quando podemos ficar felizes com o "tudo" que nos é possível.
Outra coisa bem importante é assumir um jeito próprio de estudar. A gente só aprende de verdade quando se envolve, quando faz daquele momento do estudo um momento proveitoso, que tem sentido. Pensar sobre as coisas, estabelecer relações, obter uma compreensão própria do que estamos estudando. Se não, ficamos robotizados frente às aulas, aos livros e cadernos.
Muitos estudantes sentem culpa ao se envolverem com as experiências habituais de suas vidas porque estariam "perdendo tempo". Sentem-se culpados se vão se divertir, se vão viajar ou namorar. Escuto muito que o namoro "atrapalha" neste período de preparação para o vestibular.
A palavra "vestibular" deriva de "vestíbulo", aquela peça introdutória nos prédios, que dá acesso ao seu interior, e que não fica nem dentro nem fora. Pois é bem assim que os vestibulandos parecem sentir-se. Sem um lugar próprio, prestes a ter acesso a ele, mas cheios de angústia por nada saberem deste futuro. Este momento, portanto, é vivido como um intervalo. Embora, é claro, não passe de uma fase da vida. Que, simplesmente, tem que ser vivida. Em vez de evitar tudo que não se refira ao estudo, mais importante é aprender a dosar-se, buscar equilíbrio e organização na rotina.
Outra questão, e talvez "a questão", é um pré-requisito para vencer essa fase. Trata-se do sentido que damos para nossas experiências. Sim, é preciso se perguntar sobre que sentido tem o vestibular, para quê estamos estudando, qual é nosso projeto. Porque é por isso que se faz vestibular. Para dar curso ao nosso projeto de vida, para assumir nosso papel no mundo. O papel que escolhemos desempenhar.
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