segunda-feira, 2 de julho de 2012

ESCOLHA, DÚVIDA E CERTEZA

A possibilidade da escolha é justamente um marco no amadurecimento de todos nós. Desde crianças, a promessa de ter acesso à liberdade de escolher nos era feita. Já que nenhum de nós escolheu nascer, escolheu o próprio nome, em que condições viria ao mundo, as próprias bases ideológicas que embasariam nossa educação, é claro que não escolhemos. Estivemos, podemos dizer, submetidos, determinados por uma conjuntura que nos antecedeu e que nos deu origem. Ansiamos por fazer nossas próprias opções. E, na infância, imaginamos que a possibilidade de escolher é uma chave que nos conduz a um mundo de liberdade e sucesso. Quando, então, nos deparamos com as primeiras, experimentamos também a incerteza, a angústia, o receio de perder, ou mesmo o sentimento de perda que as acompanha, inevitavelmente. Pois a opção que não fizemos, esta fica perdida. É então que nos vemos aprendendo que a escolha diz de nossa condição de sujeitos. Estes, que ganham e perdem. Estes que anseiam pelas certezas e são tão cheios de dúvidas. É com isto que temos que nos ver. Fantasiamos, muitas vezes, que a escolha nos conduzirá à certeza. Como negar que este seria o ideal? Que pudéssemos nos cercar de certezas. Já Descartes preocupava-se com esta questão. E para resolvê-la, obrigou-se a lançar mão de Deus. Pois do que podemos nós, humanos, estar certos de verdade? A certeza, a verdade absoluta, pertencem a um terreno ideal. Nós, seres humanos, desde Freud, descobrimos que somos divididos entre consciência e inconsciência. Este saber absoluto, completo, que tem a ver com a certeza, não podemos alcançá-lo. É com isto que temos que nos ver, quando escolhemos. Com esta liberdade que é a que podemos ter. Escolher assumindo os riscos, as perdas, bem como os ganhos e alegrias que venham com nossas escolhas.

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