quarta-feira, 31 de agosto de 2011
segunda-feira, 29 de agosto de 2011
O SALTO DE MAURREN MAGGI
Ao queimar o salto na prova do mundial de atletismo, a atleta Maurren Maggi decepciona-se com o próprio desempenho e, entre lágrimas, diz que “não treina pra
isso”, que esta teria sido uma prova “pra esquecer”, e que teria que ficar sem mais uma medalha em seu currículo.
Fico pensando. Ela diz que não treina pra isso,ou seja, para obter um resultado inesperadamente ruim. Mas se não houvesse a possibilidade de obtê-lo – o mau resultado- por que, então, treinaria? E se ela realmente esquecer este seu momento, do que ele lhe teria valido? Talvez para lembrar a ela que, apesar de seu destaque e brilhantismo, ela é uma atleta tão humana quanto qualquer outra, e por isso, sujeita a ganhar e perder.
Assim é com a vida. Se o sucesso nos fosse garantido, talvez nosso empenho não tivesse valor. Se a vida fosse feita só de bons momentos, como poderíamos valorizá-los? Podemos, como fez Maurren Maggi neste seu desabafo, negar nossos limites, esses que nos fazem humanos. Negar que nossa humanidade está inscrita em todas as nossas possibidades, mas também em nossos limites. Mas não iremos longe com isto...
É obtendo um feliz arranjo de nossas contradições que daremos o melhor salto...
isso”, que esta teria sido uma prova “pra esquecer”, e que teria que ficar sem mais uma medalha em seu currículo.
Fico pensando. Ela diz que não treina pra isso,ou seja, para obter um resultado inesperadamente ruim. Mas se não houvesse a possibilidade de obtê-lo – o mau resultado- por que, então, treinaria? E se ela realmente esquecer este seu momento, do que ele lhe teria valido? Talvez para lembrar a ela que, apesar de seu destaque e brilhantismo, ela é uma atleta tão humana quanto qualquer outra, e por isso, sujeita a ganhar e perder.
Assim é com a vida. Se o sucesso nos fosse garantido, talvez nosso empenho não tivesse valor. Se a vida fosse feita só de bons momentos, como poderíamos valorizá-los? Podemos, como fez Maurren Maggi neste seu desabafo, negar nossos limites, esses que nos fazem humanos. Negar que nossa humanidade está inscrita em todas as nossas possibidades, mas também em nossos limites. Mas não iremos longe com isto...
É obtendo um feliz arranjo de nossas contradições que daremos o melhor salto...
segunda-feira, 22 de agosto de 2011
domingo, 21 de agosto de 2011
PROJETO DE VIDA
Gosto muito de dizer que a escolha da profissão é a escolha de um projeto de vida. Quando converso com jovens que buscam definir suas escolhas, um dos grandes desafios que temos é a visualização do sentido maior que está presente nesse processo.
A própria clínica é produtora de sentido. Seja na psicoterapia, ou na orientação vocacional, é atrás de algum sentido que estamos. Jean Paul Sartre, há cinquenta anos atrás, falava na importância de se criar “le project de la vie”. Hoje, a tendência é a dificuldade cada vez maior em acreditar em projetos para a vida inteira... Pois a vida, tal como ela é hoje, apresenta-se como um suceder de episódios, quase como se vivêssemos como nesses seriados, curtos episódios com início, meio e fim, que tem sequencia com os personagens começando a vida do zero, no novo episódio.
No mundo de hoje os estilos de vida, o que é considerado bom, as formas de vida atraentes e tentadoras, o que está na moda, o que dá dinheiro, o que não dá, tudo está em constante e acelerada mudança. A vida inteira, passamos a nos redefinir, nós, criaturas da pós-modernidade. Precisamos definir quem somos e isto nunca é uma questão acabada. Está sempre se refazendo essa tarefa. É por isso que o ‘projeto de vida ‘ parece tão desacreditado, ou pelo menos não soa com a mesma linearidade, constância, e consequente segurança de outros tempos. E também é por isso que estamos frente a uma humanidade desbussolada, desorientada, perdida.
Bem, é principalmente também por isso que talvez seja mais importante ainda que falemos de projetos, de sonhos, de crenças, de rumos.
A própria clínica é produtora de sentido. Seja na psicoterapia, ou na orientação vocacional, é atrás de algum sentido que estamos. Jean Paul Sartre, há cinquenta anos atrás, falava na importância de se criar “le project de la vie”. Hoje, a tendência é a dificuldade cada vez maior em acreditar em projetos para a vida inteira... Pois a vida, tal como ela é hoje, apresenta-se como um suceder de episódios, quase como se vivêssemos como nesses seriados, curtos episódios com início, meio e fim, que tem sequencia com os personagens começando a vida do zero, no novo episódio.
No mundo de hoje os estilos de vida, o que é considerado bom, as formas de vida atraentes e tentadoras, o que está na moda, o que dá dinheiro, o que não dá, tudo está em constante e acelerada mudança. A vida inteira, passamos a nos redefinir, nós, criaturas da pós-modernidade. Precisamos definir quem somos e isto nunca é uma questão acabada. Está sempre se refazendo essa tarefa. É por isso que o ‘projeto de vida ‘ parece tão desacreditado, ou pelo menos não soa com a mesma linearidade, constância, e consequente segurança de outros tempos. E também é por isso que estamos frente a uma humanidade desbussolada, desorientada, perdida.
Bem, é principalmente também por isso que talvez seja mais importante ainda que falemos de projetos, de sonhos, de crenças, de rumos.
quarta-feira, 3 de agosto de 2011
FAZER O QUE SE GOSTA
Esta expressão tornou-se lugar comum, para dizer daquilo que se repete muito, a quase perder o sentido... É sempre aplicada como resposta segura às hesitações e dúvidas em relação ao futuro profissional. Simples assim: fazer o que se gosta. A fórmula hedonista leva as tintas da época contemporânea. Aliás, é tamanha a exigência que a sociedade pós-moderna faz de que se tenha sucesso, que se tenha prazer, que não se fique triste,que não se vacile, que não se perca tempo, que se ganhe dinheiro e que se ... faça o que se gosta... a que as subjetividades se vêem convocadas a se adequar, num constante esforço de reconfiguração que as conduz à incerteza e à fragilidade. Mas “tem” que se fazer o que se gosta”... Embora o “tem”, a nos indicar a obrigatoriedade, a pressão, contradiga o “gosta”.
Não vejo que seja tão simples. A escolha da profissão não é a escolha do tênis, da calça jeans ou do apartamento que se vai comprar. E mesmo nessas escolhas, aliados ao gosto, tem que estar a disponibilidade, a possibilidade,o contexto compatível , enfim, tantos aspectos para que cerquemos nossa escolha de boas chances de felicidade...
Já é bem mais complexo escolher o nosso lugar no mundo, o papel que vamos fazer, porque isso está associado com o que a gente acredita, com os nossos valores, com as nossas habilidades, a nossa personalidade, a nossa história, e, é claro, também com o que se gosta.
Não vejo que seja tão simples. A escolha da profissão não é a escolha do tênis, da calça jeans ou do apartamento que se vai comprar. E mesmo nessas escolhas, aliados ao gosto, tem que estar a disponibilidade, a possibilidade,o contexto compatível , enfim, tantos aspectos para que cerquemos nossa escolha de boas chances de felicidade...
Já é bem mais complexo escolher o nosso lugar no mundo, o papel que vamos fazer, porque isso está associado com o que a gente acredita, com os nossos valores, com as nossas habilidades, a nossa personalidade, a nossa história, e, é claro, também com o que se gosta.
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