Esta expressão tornou-se lugar comum, para dizer daquilo que se repete muito, a quase perder o sentido... É sempre aplicada como resposta segura às hesitações e dúvidas em relação ao futuro profissional. Simples assim: fazer o que se gosta. A fórmula hedonista leva as tintas da época contemporânea. Aliás, é tamanha a exigência que a sociedade pós-moderna faz de que se tenha sucesso, que se tenha prazer, que não se fique triste,que não se vacile, que não se perca tempo, que se ganhe dinheiro e que se ... faça o que se gosta... a que as subjetividades se vêem convocadas a se adequar, num constante esforço de reconfiguração que as conduz à incerteza e à fragilidade. Mas “tem” que se fazer o que se gosta”... Embora o “tem”, a nos indicar a obrigatoriedade, a pressão, contradiga o “gosta”.
Não vejo que seja tão simples. A escolha da profissão não é a escolha do tênis, da calça jeans ou do apartamento que se vai comprar. E mesmo nessas escolhas, aliados ao gosto, tem que estar a disponibilidade, a possibilidade,o contexto compatível , enfim, tantos aspectos para que cerquemos nossa escolha de boas chances de felicidade...
Já é bem mais complexo escolher o nosso lugar no mundo, o papel que vamos fazer, porque isso está associado com o que a gente acredita, com os nossos valores, com as nossas habilidades, a nossa personalidade, a nossa história, e, é claro, também com o que se gosta.
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