Gosto muito de dizer que a escolha da profissão é a escolha de um projeto de vida. Quando converso com jovens que buscam definir suas escolhas, um dos grandes desafios que temos é a visualização do sentido maior que está presente nesse processo.
A própria clínica é produtora de sentido. Seja na psicoterapia, ou na orientação vocacional, é atrás de algum sentido que estamos. Jean Paul Sartre, há cinquenta anos atrás, falava na importância de se criar “le project de la vie”. Hoje, a tendência é a dificuldade cada vez maior em acreditar em projetos para a vida inteira... Pois a vida, tal como ela é hoje, apresenta-se como um suceder de episódios, quase como se vivêssemos como nesses seriados, curtos episódios com início, meio e fim, que tem sequencia com os personagens começando a vida do zero, no novo episódio.
No mundo de hoje os estilos de vida, o que é considerado bom, as formas de vida atraentes e tentadoras, o que está na moda, o que dá dinheiro, o que não dá, tudo está em constante e acelerada mudança. A vida inteira, passamos a nos redefinir, nós, criaturas da pós-modernidade. Precisamos definir quem somos e isto nunca é uma questão acabada. Está sempre se refazendo essa tarefa. É por isso que o ‘projeto de vida ‘ parece tão desacreditado, ou pelo menos não soa com a mesma linearidade, constância, e consequente segurança de outros tempos. E também é por isso que estamos frente a uma humanidade desbussolada, desorientada, perdida.
Bem, é principalmente também por isso que talvez seja mais importante ainda que falemos de projetos, de sonhos, de crenças, de rumos.
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