O discurso da Modernidade é o discurso das liberdades fundamentais do ser humano,
e a Modernidade é a própria inauguração da idéia liberal, da escolha, da individualidade.
A liberdade de ser quem eu quero ser, fazer minha própria escolha, viver a vida do meu jeito, construir minha própria identidade... Em nosso mundo chamado pós-moderno, vivemos o auge da reivindicação das liberdades. Somos todos livres, aptos a fazer nossas escolhas...
Lacan, psicanalista francês que, na década de 50 reformulou a psicanálise fundada por Freud, refere-se a este discurso de liberdade como um delírio. Portanto, além de livres, segundo Lacan somos também delirantes... E esta idéia lacaniana se fundamenta na noção mais importante da psicanálise, aquela que lhe deu origem e que escandalizou a sociedade vitoriana da época de Freud: a noção do inconsciente. O gênio de Freud desbancou toda essa autonomia, ao revelar-nos divididos entre, por um lado, este que facilmente reconhecemos e assumimos como nós mesmos: o nosso eu, e, por outro lado, esse obscuro e estranho que mora em nós, o inconsciente. Dele nada sabemos.
Esta é a contradição do sujeito humano. Este que se pretende dono de si, livre para fazer suas escolhas, e este que tantas vezes não tem escolha, que se vê tantas vezes refém de si mesmo.
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