Algo sempre insiste em nosso discurso, em nossos gestos, nossos atos, em nossa história. "A história se repete", ouvimos tantas vezes. Sim,repete-se, à reveleia de nossas vontades, tantas vezes, e também se recria, se renova, se faz diferente. Assim somos nós, feitos de insistências e repetições e da mais pura invenção. Seres notoriamente contraditórios, esses que somos. Esses que se afirmam "os mesmos" embora sejam tantos outros pela vida afora. Tão desejosos de mudança, de traços que nos façam diferença, e tão apegados às conhecidas e familiares facetas de nós mesmos...
Visitei esta semana o museu Iberê Camargo, onde estão expostas obras de Iberê e do uruguaio Torres Garcia. O conjunto da obra de um artista não foge a esta dualidade , onde o novo e o repetido se combinam a constituir identidades. Na obra de Iberê me toca o tema do ciclista, este personagem sombrio, solitário, ora a percorrer caminhos a bordo de sua bicicleta, ora estático, numa pose frontal na tela, a olhar, a bicicleta ao longe, ou ainda estirado ao solo, será que extenuado pelo cansaço, será que desesperançado... São fortes as telas onde Iberê repete o tema do homem e de sua bicicleta. Um homem que pode estar em movimento ou aparentemente estático. Na solidão inerente ao humano, esta em que o homem conversa consigo mesmo...
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