domingo, 28 de março de 2010

A VERDADE DO SUJEITO

Acompanham a humanidade, ao longo de sua história, a força da tradição, do costume e, por outro lado, a revolução, a busca da aventura e da mudança. É humano habituar-se,acomodar-se, acostumar-se. E felizmente não menos humano,e talvez mais ainda, criar, inquietar-se, ansiar pelo novo.Assim caminha o desenvolvimento humano. Num movimento repleto de desacomodações, que geram mudança de comportamento e novas compreensões.
Em nossas vidas cotidianas,vivemos igualmente essa contradição, entre o conhecido, o habitual eo confortável, e, por outro lado, o novo, o arriscado, o diferente.Pode-se dizer que aí esteja a essência do desafio de nosso viver. Tendemos a repetir padrões de comportamento, padrões emocionais, estes que tanto conhecemos, que nos caracterizam até e que às vezes nos incomodam por sua insistência. São comportamentos sintomáticos.Há sempre algo que desconhecemos profundamente aí. Paradoxalmente, os sintomas nos conferem alguma segurança, ao mesmo tempo em que nos causam sofrimento, angústia, aborrecimento. Trata-se de algo que insiste, para além de nossa vontade. Somos o que não gostaríamos de ser, sentimos o que nos pesa, nos oprime, ignoramos o que desejaríamos saber. Uma cadeia que nos aprisiona e frustra. Queremos mudar.
A psicoterapia - refiro-me aqui específicamente à psicanálise, ou à orientação psicanalítica - é uma caminhada onde nos vemos com esses processos. É a busca, através da palavra dita e ouvida, de novos sentidos, novas possibilidades de ser. Para tanto
torna-se necessário aceitarmos que estamos implicados em nossos sintomas, que eles não são meros eventos isolados. Trata-se de irmos ao encontro do que desconhecemos de nós mesmos. Rever nossa própria história, reconhecer nosso próprio desejo, desembaraçar-mo-nos de nossos fardos. Encontrar sua verdade, eis aí o objetivo do sujeito em análise.

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