O vestibular vem se tornando, em nível federal, um exame de caráter mais complexo, com a unificação das provas e diversificação do estilo de avaliação de acordo com a universidade. Mais disputa pelas vagas,em alguns cursos e universidades, mais opções por outro lado para quem se dispõe a se inscrever em outros estados, enfim, mudanças que desestabilizam, facilitam, ou criam certas dificuldades, dependendo do ponto de vista ou da situação de cada um. O que não mudou e nem vai mudar é o significado do vestibular. A palavra tem origem no vocábulo "vestíbulo", que é aquela parte introdutória dos prédios, como uma ante-sala, um entre-lugares. Já não é na rua, mas ainda não é dentro do lugar onde se almeja entrar. É o vestíbulo.
Vestibular, e é isso que não muda, é esse entre-lugares, esse vestíbulo da maturidade. Faz a gente se sentir meio fora, quase dentro, porque o que não muda é que o objetivo de todo vestibulando é alcançar seu lugar no mundo, desenvolver seu projeto de vida. Isto é o que não muda.
Parabéns aos que encontraram seus nomes no listão.
Aos que não conseguiram aprovação neste vestibular, é preciso renovar as estratégias e as convicções. Porque, aprovados agora, ou ainda não, estamos costruindo um projeto de vida.
quinta-feira, 28 de janeiro de 2010
sábado, 23 de janeiro de 2010
A INVENÇÃO DE SI
O ator da cena da vida é escalado para papéis aos quais muitas vezes está habituado, e por isso os encarna com extrema facilidade. Outras vezes lhe atribuem papéis mais ousados , difíceis de serem vividos; ou, mesmo, papéis surpreendentes, que parecem não corresponder às suas habilidades e possibilidades cênicas.
Ao vê-lo assim tão ocupado com tantos desempenhos, com a velocidade em que as cenas vão se sucedendo,com tantas exigências quanto à desenvoltura, improvisação, flexibilidade,pode nos ocorrer a pergunta: afinal, quem é ele? Por trás de suas más-
caras esconde-se seu verdadeiro eu?
O cenário, o ator, compõem a cena contemporânea, e estamos nós a nos perguntar
sobre sua identidade. A identidade, neste contexto,não tem mais aquela fixidez e estabilidade de outros tempos. O ator em cena, não mais a segurança de outros tempos.
Uma tarefa, um trabalho pela vida afora, essa tal de identidade. Aquilo que o indivíduo é, e que juntamente com a atividade e a consciência vão compondo a subjetividade. Numa perspectiva histórica e dialética, podemos dizer que o indivíduo é metamorfose.
Quando pensamos no sujeito da socidade capitalista contemporânea, precisamos pensar na história deste sujeito e no contexto que o cerca, ou mesmo, que o atravessa, com suas influências e determinações. São múltiplos os componentes que produzem subjetividade: sociais, materiais, sexuais, de poder, de mídia, constituindo um verdadeiro e complexo processo. O que o indivíduo é está como que etiquetado nos produtos que consome, nos lugares que frequenta,no meio de transporte que usa, na música que ouve, na roupa que veste, na comida que come.
O sujeito humano inicia sua vida sem saber o que é ser humano. O animal humano não sobrevive sem a tutela do outro. E se constitui como sujeito na relação com o outro e com a linguagem. É nessa relação com o outro, com a palavra que lhe é dita, com todas as particularidades dessa história, que o sujeito se constitui. Nas palavras da psicanalista Suely Rolnik:
" A subjetividade designa um campo de complexidade crescente. Ali se cruzam vetores que até recentemente pertenciam adomínios do saber estanques, demolindo as clássicas fronteiras entre o psíquico e o social, o subjetivo e o político, a esfera inconsciente e a produtiva, o teatro interno e a cena material, a invenção de si e do mundo. "
Ao vê-lo assim tão ocupado com tantos desempenhos, com a velocidade em que as cenas vão se sucedendo,com tantas exigências quanto à desenvoltura, improvisação, flexibilidade,pode nos ocorrer a pergunta: afinal, quem é ele? Por trás de suas más-
caras esconde-se seu verdadeiro eu?
O cenário, o ator, compõem a cena contemporânea, e estamos nós a nos perguntar
sobre sua identidade. A identidade, neste contexto,não tem mais aquela fixidez e estabilidade de outros tempos. O ator em cena, não mais a segurança de outros tempos.
Uma tarefa, um trabalho pela vida afora, essa tal de identidade. Aquilo que o indivíduo é, e que juntamente com a atividade e a consciência vão compondo a subjetividade. Numa perspectiva histórica e dialética, podemos dizer que o indivíduo é metamorfose.
Quando pensamos no sujeito da socidade capitalista contemporânea, precisamos pensar na história deste sujeito e no contexto que o cerca, ou mesmo, que o atravessa, com suas influências e determinações. São múltiplos os componentes que produzem subjetividade: sociais, materiais, sexuais, de poder, de mídia, constituindo um verdadeiro e complexo processo. O que o indivíduo é está como que etiquetado nos produtos que consome, nos lugares que frequenta,no meio de transporte que usa, na música que ouve, na roupa que veste, na comida que come.
O sujeito humano inicia sua vida sem saber o que é ser humano. O animal humano não sobrevive sem a tutela do outro. E se constitui como sujeito na relação com o outro e com a linguagem. É nessa relação com o outro, com a palavra que lhe é dita, com todas as particularidades dessa história, que o sujeito se constitui. Nas palavras da psicanalista Suely Rolnik:
" A subjetividade designa um campo de complexidade crescente. Ali se cruzam vetores que até recentemente pertenciam adomínios do saber estanques, demolindo as clássicas fronteiras entre o psíquico e o social, o subjetivo e o político, a esfera inconsciente e a produtiva, o teatro interno e a cena material, a invenção de si e do mundo. "
sábado, 16 de janeiro de 2010
UMA REFLEXÃO SOBRE A VOCAÇÃO
A palavra vocação, de origem latina (vocatio), significa chamado, e é com frequencia utilizada nas abordagens referentes à escolha profissional. O que é vocação? Existe mesmo a vocação, ou o sujeito pode, como alguns afirmam, desenvolver as habilidades necessárias para assumir o papel profissional que decidir ?
Bem, realmente, desde o início da modernidade, a sociedade vem se pautando pelo ideário liberal, e o homem vem se atrevendo a se pensar como um ser que decide o próprio destino. Lá na idade média, por exemplo, os destinos do homem estavam designados desde o nascimento, e a profissão, assim como tudo o mais que se referia ao lugar ocupado pelas pessoas naquela sociedade, eram pré-determinados, seja pelos laços de sangue ou pelos desígnios divinos.
A visão que temos das coisas é sempre determinada pelo ponto de onde olhamos, de onde nos situamos. Vivemos numa sociedade capitalista, em plena chamada “pós-modernidade”, o que significa que somos livres para decidir. E como...., já que as opções são cada vez mais numerosas, e não cessam de se ampliar. Tudo muda tão rápido em nossa sociedade, que temos dificuldade para fazer projetos a longo prazo.
Vejo que é muito comum que as pessoas falem em decidir “o que fazer”, como se a profissão fosse apenas mais uma das tarefas que temos pela vida. O fazer parece estar mais associado às necessidades, habilidades, e aos interesses mais imediatos.
E realmente, a profissão é um fazer. Mas um fazer que se diferencia de outros fazeres, como tomar banho, fazer comida. É um fazer que confere sentido ao nosso viver, que define o papel que desempenhamos na sociedade. A profissão é um fazer que se relaciona essencialmente com o que somos, e o que somos com o que fazemos.
Em nossa sociedade hipercapitalista, ordenada pela técnica e pela ciência, predomina a tendência a explicar as coisas do ponto de vista da biogenética, da neurociência. É assim que as compreensões contemporâneas acerca das identidades, de quem somos nós, se encaminham também por aí. Somos assim porque teríamos um gen que nos conferira essa característica, a depressão e outras patologias seriam explicáveis por desequilíbrios químicos, e assim por diante.
Quero lançar o olhar em outra perspectiva. Para uma compreensão histórica e
multifacetada do ser humano. O homem se constrói na história que vive, foi no fazer de
sua história que a humanidade se construiu. E esse é um processo que tem movimento, um movimento que é o da vida humana.
Quando nascemos, nossos pais, que tiveram seus pais, com suas histórias, tinham expectativas a nosso respeito, quiseram coisas para nós, estabeleceram conosco uma relação que foi determinando, em grande parte, o que somos hoje. É isso que quero dizer. O que somos não é uma invenção tão liberal assim. Trazemos em nós inclinações que são fruto das experiências que vivemos em nossas histórias, determinadas pelas relações que se estabeleceram nesse contexto, e, ao mesmo tempo, temos em nossas mãos, e isso é importante, as possibilidades de mudar esse destino, de transformá-lo.
Acredito, portanto, que somos , sim, vocacionados, ou “ chamados”, não por instâncias divinas, mas por essas determinações históricas que vão nos formando, nos construindo. O que vamos fazer com isso? Bem, aí é realmente uma questão de escolha.
Bem, realmente, desde o início da modernidade, a sociedade vem se pautando pelo ideário liberal, e o homem vem se atrevendo a se pensar como um ser que decide o próprio destino. Lá na idade média, por exemplo, os destinos do homem estavam designados desde o nascimento, e a profissão, assim como tudo o mais que se referia ao lugar ocupado pelas pessoas naquela sociedade, eram pré-determinados, seja pelos laços de sangue ou pelos desígnios divinos.
A visão que temos das coisas é sempre determinada pelo ponto de onde olhamos, de onde nos situamos. Vivemos numa sociedade capitalista, em plena chamada “pós-modernidade”, o que significa que somos livres para decidir. E como...., já que as opções são cada vez mais numerosas, e não cessam de se ampliar. Tudo muda tão rápido em nossa sociedade, que temos dificuldade para fazer projetos a longo prazo.
Vejo que é muito comum que as pessoas falem em decidir “o que fazer”, como se a profissão fosse apenas mais uma das tarefas que temos pela vida. O fazer parece estar mais associado às necessidades, habilidades, e aos interesses mais imediatos.
E realmente, a profissão é um fazer. Mas um fazer que se diferencia de outros fazeres, como tomar banho, fazer comida. É um fazer que confere sentido ao nosso viver, que define o papel que desempenhamos na sociedade. A profissão é um fazer que se relaciona essencialmente com o que somos, e o que somos com o que fazemos.
Em nossa sociedade hipercapitalista, ordenada pela técnica e pela ciência, predomina a tendência a explicar as coisas do ponto de vista da biogenética, da neurociência. É assim que as compreensões contemporâneas acerca das identidades, de quem somos nós, se encaminham também por aí. Somos assim porque teríamos um gen que nos conferira essa característica, a depressão e outras patologias seriam explicáveis por desequilíbrios químicos, e assim por diante.
Quero lançar o olhar em outra perspectiva. Para uma compreensão histórica e
multifacetada do ser humano. O homem se constrói na história que vive, foi no fazer de
sua história que a humanidade se construiu. E esse é um processo que tem movimento, um movimento que é o da vida humana.
Quando nascemos, nossos pais, que tiveram seus pais, com suas histórias, tinham expectativas a nosso respeito, quiseram coisas para nós, estabeleceram conosco uma relação que foi determinando, em grande parte, o que somos hoje. É isso que quero dizer. O que somos não é uma invenção tão liberal assim. Trazemos em nós inclinações que são fruto das experiências que vivemos em nossas histórias, determinadas pelas relações que se estabeleceram nesse contexto, e, ao mesmo tempo, temos em nossas mãos, e isso é importante, as possibilidades de mudar esse destino, de transformá-lo.
Acredito, portanto, que somos , sim, vocacionados, ou “ chamados”, não por instâncias divinas, mas por essas determinações históricas que vão nos formando, nos construindo. O que vamos fazer com isso? Bem, aí é realmente uma questão de escolha.
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quinta-feira, 7 de janeiro de 2010
ESCOLHA PROFISSIONAL E UTOPIA
Os estudiosos ou teóricos da pós-modernidade, este momento ainda tão cheio de interrogações que a humanidade vive, caracterizam a nossa época como estéril de utopias. Fala-se no “fim das utopias”. Aquelas utopias da modernidade, ligadas ao sonho da liberdade, de um mundo melhor e permeado pela paz, cederam a um ceticismo
que parece enfeiar ou endurecer a face do mundo contemporâneo. A pressa, a velocidade feroz de nossas vidas, um mundo permeado pela voracidade de ter, de consumir e descartar, porque hoje nada é durável, tudo parece tão vão, tão fugaz...
Acho,no entanto, que recolocar a questão das utopias no mundo de hoje faz-se um
desafio instigante para os que insistem em não adotar simplesmente os lugares já dados, os rumos esperados, os que ainda não se dobraram à estética da realidade vigente.Refiro-me ao compromisso com a esperança, com a criatividade e com a construção do novo.
O psicanalista Edson de Sousa, em seu livro “Uma invenção da Utopia” diz: "Impossível manter um compromisso com o amanhã sem o alimento da esperança. Sempre que o futuro se radicaliza em um projeto único uma sombra cai sobre o amanhã.
Portanto, criar é sempre criar um futuro, um horizonte que exige de nós uma liberdade mínima para um fazer irreverente. Com freqüência se critica a utopia pelo seu formalismo estéril construindo castelos no ar e literalmente paralisando o sujeito que espera por um futuro que nunca chega. Duas objeções poderíamos fazer a tais comentários:
Em primeiro lugar, a confusão de pensar a utopia como formulação de ações antecipadas. A utopia diz de uma insatisfação do presente e fundamentalmente de um desejo de transposição. Determinar o percurso a ser feito é aniquilar o fundamento mesmo da criação necessária ao agir.
Por outro lado, desqualificar o formalismo pode ser uma estratégia de defender um
pragmatismo raso e que institui as formas do amanhã em princípios unificadores, aparando as arestas da diferença que, como sabemos, são fundamentais para manter viva a chama crítica.” (p.27, 28
que parece enfeiar ou endurecer a face do mundo contemporâneo. A pressa, a velocidade feroz de nossas vidas, um mundo permeado pela voracidade de ter, de consumir e descartar, porque hoje nada é durável, tudo parece tão vão, tão fugaz...
Acho,no entanto, que recolocar a questão das utopias no mundo de hoje faz-se um
desafio instigante para os que insistem em não adotar simplesmente os lugares já dados, os rumos esperados, os que ainda não se dobraram à estética da realidade vigente.Refiro-me ao compromisso com a esperança, com a criatividade e com a construção do novo.
O psicanalista Edson de Sousa, em seu livro “Uma invenção da Utopia” diz: "Impossível manter um compromisso com o amanhã sem o alimento da esperança. Sempre que o futuro se radicaliza em um projeto único uma sombra cai sobre o amanhã.
Portanto, criar é sempre criar um futuro, um horizonte que exige de nós uma liberdade mínima para um fazer irreverente. Com freqüência se critica a utopia pelo seu formalismo estéril construindo castelos no ar e literalmente paralisando o sujeito que espera por um futuro que nunca chega. Duas objeções poderíamos fazer a tais comentários:
Em primeiro lugar, a confusão de pensar a utopia como formulação de ações antecipadas. A utopia diz de uma insatisfação do presente e fundamentalmente de um desejo de transposição. Determinar o percurso a ser feito é aniquilar o fundamento mesmo da criação necessária ao agir.
Por outro lado, desqualificar o formalismo pode ser uma estratégia de defender um
pragmatismo raso e que institui as formas do amanhã em princípios unificadores, aparando as arestas da diferença que, como sabemos, são fundamentais para manter viva a chama crítica.” (p.27, 28
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terça-feira, 5 de janeiro de 2010
A IMPORTÂNCIA DO TRABALHO
Pensar na importância do trabalho para a humanidade é pensar na própria origem, na fundação da humanidade. O homem se tornou homem, diferenciando-se de outros animais, modificando a natureza, apropriando-se dela, fabricando instrumentos de trabalho, lá nos primórdios da sua evolução. E foi fazendo sua própria história, trabalhando, se relacionando com os outros, desenvolvendo a linguagem, foi neste processo que o homem se construiu.
Freud, o fundador da Psicanálise, salientou a capacidade de amar e de trabalhar como indícios de saúde emocional. Trabalhar é, pois, desenvolver a própria humanidade, participar na criação do mundo e, como apontou Freud, manter-se saudável.
O homem é fruto de seu contexto histórico, e, ao mesmo tempo, produtor, transformador deste contexto. A realidade do trabalho nas sociedades pré-capitalistas, ou seja, sociedades estamentais da Antiguidade e da Idade Média, era, como tudo o mais, determinado pelos laços de sangue, pela tradição, em contraste com as sociedades
Moderna e Contemporânea, onde, em tese, o homem passa a ser “livre” para escolher. A
escolha profissional, portanto, baseada nas aptidões, habilidades e interesses do indivíduo, bem como o próprio indivíduo, inclusive, são construções relativamente recentes na história do homem.
Freud, o fundador da Psicanálise, salientou a capacidade de amar e de trabalhar como indícios de saúde emocional. Trabalhar é, pois, desenvolver a própria humanidade, participar na criação do mundo e, como apontou Freud, manter-se saudável.
O homem é fruto de seu contexto histórico, e, ao mesmo tempo, produtor, transformador deste contexto. A realidade do trabalho nas sociedades pré-capitalistas, ou seja, sociedades estamentais da Antiguidade e da Idade Média, era, como tudo o mais, determinado pelos laços de sangue, pela tradição, em contraste com as sociedades
Moderna e Contemporânea, onde, em tese, o homem passa a ser “livre” para escolher. A
escolha profissional, portanto, baseada nas aptidões, habilidades e interesses do indivíduo, bem como o próprio indivíduo, inclusive, são construções relativamente recentes na história do homem.
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domingo, 3 de janeiro de 2010
OLÁ, VESTIBULANDO!
OLÁ, VESTIBULANDO!
Olá, vestibulando. Este espaço também vai servir para a gente pensar um pouco sobre o vestibular. E, mais específicamente, sobre o sentido de fazer vestibular, o que isto significa na nossa vida, e, emocionalmente, o que está implicado aí nesta fase.
Uma coisa é certa: vestibular tem tudo a ver com independência, com seguir sua própria vida, inventar o seu próprio jeito de estar neste mundo e fazer diferença.
Desejo a todos os vestibulandos boas provas, provas de que estarão prontos para começar a construir seus caminhos. Felicidades!
Olá, vestibulando. Este espaço também vai servir para a gente pensar um pouco sobre o vestibular. E, mais específicamente, sobre o sentido de fazer vestibular, o que isto significa na nossa vida, e, emocionalmente, o que está implicado aí nesta fase.
Uma coisa é certa: vestibular tem tudo a ver com independência, com seguir sua própria vida, inventar o seu próprio jeito de estar neste mundo e fazer diferença.
Desejo a todos os vestibulandos boas provas, provas de que estarão prontos para começar a construir seus caminhos. Felicidades!
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sábado, 2 de janeiro de 2010
PARA COMEÇO DE CONVERSA
Contardo Calligaris, psicanalista, em seu livro “ Terra de Ninguém”, escreve assim, na crônica “A moda: belezas extremas e indecisas”:
“ Converso com um garoto de 16 anos e com sua mãe, exasperada. O garoto resolveu mudar de estilo. Jogou fora todas as suas roupas folgadas, sem pedir permissão, para prevenir uma eventual hesitação dos pais na hora de financiar a troca de vestuário.
Agora, ele quer calças estreitas e camisetas justas. O problema é que uma cena parecida já aconteceu um ano atrás. Naquela ocasião, a roupa apertada foi para o lixo- substituída por calças e camisetas que pareciam velas mestras.
A mãe: “Por que mudar, assim, de repente?” O garoto: “Agora todo mundo que é legal se veste assim.” A mãe, irritadíssima: “ Você não deveria ser você mesmo? Ter um estilo seu, sem preocupar-se com os outros?”
É fácil simpatizar com a mãe, embora não saibamos muito bem o que é “ser você mesmo.” De qualquer forma, concordemos: não é bom estar sob o domínio do que pensam os outros. Seja você mesmo, livremente,escute e respeite seus impulsos mais singulares: essa é uma das regras preferidas da modernidade. Uma outra regra diz, ao contrário: preocupe-se bastante com o olhar dos outros, pois, neste mundo, todos os cargos são eleitorais, ou seja, cada um deve seu lugar à aprovação que encontra e suscita. O garoto, mudando de estilo, busca conciliar as duas regras. Ele renova seu aspecto para ser mais “ele mesmo”. Mas precisa da aprovação do grupo das calças justas: sem o olhar dos outros, seu novo “ele mesmo” não valeu nada. ”
Pois é mais ou menos esse o impasse em que nos encontramos na sociedade consumista e espetacular em que vivemos todos nós. Espetacular quero dizer de espetáculo, mesmo. Precisamos nos mostrar, aparecer o tempo todo, “estar bem na foto”, estar de bem com a opinião pública. E ainda, uff, dizem que temos que ser nós mesmos. Essas contradições rondam nossas identidades . E é neste contexto que precisamos escolher nosso caminho, quem desejamos ser, que lugar vamos querer ocupar nesse mundo.
Este é um espaço que pretendo possa ajudar nesse processo de escolha, de tomada de decisão, de consolidação de identidade. Um espaço para a gente exercitar a reflexão sobre nós mesmos, sobre a realidade, sobre os papéis que vamos assumir para mudar o mundo.
“ Converso com um garoto de 16 anos e com sua mãe, exasperada. O garoto resolveu mudar de estilo. Jogou fora todas as suas roupas folgadas, sem pedir permissão, para prevenir uma eventual hesitação dos pais na hora de financiar a troca de vestuário.
Agora, ele quer calças estreitas e camisetas justas. O problema é que uma cena parecida já aconteceu um ano atrás. Naquela ocasião, a roupa apertada foi para o lixo- substituída por calças e camisetas que pareciam velas mestras.
A mãe: “Por que mudar, assim, de repente?” O garoto: “Agora todo mundo que é legal se veste assim.” A mãe, irritadíssima: “ Você não deveria ser você mesmo? Ter um estilo seu, sem preocupar-se com os outros?”
É fácil simpatizar com a mãe, embora não saibamos muito bem o que é “ser você mesmo.” De qualquer forma, concordemos: não é bom estar sob o domínio do que pensam os outros. Seja você mesmo, livremente,escute e respeite seus impulsos mais singulares: essa é uma das regras preferidas da modernidade. Uma outra regra diz, ao contrário: preocupe-se bastante com o olhar dos outros, pois, neste mundo, todos os cargos são eleitorais, ou seja, cada um deve seu lugar à aprovação que encontra e suscita. O garoto, mudando de estilo, busca conciliar as duas regras. Ele renova seu aspecto para ser mais “ele mesmo”. Mas precisa da aprovação do grupo das calças justas: sem o olhar dos outros, seu novo “ele mesmo” não valeu nada. ”
Pois é mais ou menos esse o impasse em que nos encontramos na sociedade consumista e espetacular em que vivemos todos nós. Espetacular quero dizer de espetáculo, mesmo. Precisamos nos mostrar, aparecer o tempo todo, “estar bem na foto”, estar de bem com a opinião pública. E ainda, uff, dizem que temos que ser nós mesmos. Essas contradições rondam nossas identidades . E é neste contexto que precisamos escolher nosso caminho, quem desejamos ser, que lugar vamos querer ocupar nesse mundo.
Este é um espaço que pretendo possa ajudar nesse processo de escolha, de tomada de decisão, de consolidação de identidade. Um espaço para a gente exercitar a reflexão sobre nós mesmos, sobre a realidade, sobre os papéis que vamos assumir para mudar o mundo.
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