quinta-feira, 7 de janeiro de 2010

ESCOLHA PROFISSIONAL E UTOPIA

Os estudiosos ou teóricos da pós-modernidade, este momento ainda tão cheio de interrogações que a humanidade vive, caracterizam a nossa época como estéril de utopias. Fala-se no “fim das utopias”. Aquelas utopias da modernidade, ligadas ao sonho da liberdade, de um mundo melhor e permeado pela paz, cederam a um ceticismo
que parece enfeiar ou endurecer a face do mundo contemporâneo. A pressa, a velocidade feroz de nossas vidas, um mundo permeado pela voracidade de ter, de consumir e descartar, porque hoje nada é durável, tudo parece tão vão, tão fugaz...
Acho,no entanto, que recolocar a questão das utopias no mundo de hoje faz-se um
desafio instigante para os que insistem em não adotar simplesmente os lugares já dados, os rumos esperados, os que ainda não se dobraram à estética da realidade vigente.Refiro-me ao compromisso com a esperança, com a criatividade e com a construção do novo.
O psicanalista Edson de Sousa, em seu livro “Uma invenção da Utopia” diz: "Impossível manter um compromisso com o amanhã sem o alimento da esperança. Sempre que o futuro se radicaliza em um projeto único uma sombra cai sobre o amanhã.
Portanto, criar é sempre criar um futuro, um horizonte que exige de nós uma liberdade mínima para um fazer irreverente. Com freqüência se critica a utopia pelo seu formalismo estéril construindo castelos no ar e literalmente paralisando o sujeito que espera por um futuro que nunca chega. Duas objeções poderíamos fazer a tais comentários:
Em primeiro lugar, a confusão de pensar a utopia como formulação de ações antecipadas. A utopia diz de uma insatisfação do presente e fundamentalmente de um desejo de transposição. Determinar o percurso a ser feito é aniquilar o fundamento mesmo da criação necessária ao agir.
Por outro lado, desqualificar o formalismo pode ser uma estratégia de defender um
pragmatismo raso e que institui as formas do amanhã em princípios unificadores, aparando as arestas da diferença que, como sabemos, são fundamentais para manter viva a chama crítica.” (p.27, 28

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